GeoLeiria

Este Blog pretende ser o ponto de encontro e debate dos Geólogos em/de Leiria e de todos aqueles que gostam desta ciência ou de Biologia, Geografia, Ambiente e Astronomia, entre outras. Criado no âmbito do Projecto Ciência Viva VI "À descoberta da Geologia em Leiria", com membros nas Escolas Correia Mateus e Rodrigues Lobo, Núcleo de Espeleologia de Leiria e Centro de Formação de Leiria, neste local serão colocadas novidades locais, nacionais e internacionais, actividades de Escolas e outros.

segunda-feira, julho 03, 2006

Espeleologia no Correia da Manhã

O Correio da Manhã, na sua revista Domingo, publicou uma reportagem, com belíssimas fotos e razoável texto, sobre Espeleologia e as grutas das Serras Calcárias Condeixa-Sicó-Alvaiázere. Aqui fica um pequeno excerto:


"Caminhando pelo centro do mundo

Rastejando por cima de mantos rugosos de estalagmites rosadas, a Domingo desceu, na companhia dos recordistas nacionais de profundidade, a uma gruta onde poucos se haviam aventurado antes. Mas esse mundo oculto onde termina a luz também tem as suas perigosas e obscuras sinuosidades.


Entramos na gruta e somos logo invadidos pela sensação de desconcertante mistério. O mundo subterrâneo encerra perigos, mas é fértil e atraente. As descobertas de quem enfrentou o reino onde termina a luz relatadas ao ritmo do fascínio provocado por esse mundo maravilhoso a que chamam centro da Terra.

Descemos à gruta do nascente do Algueirinho, concelho de Penela, maciço calcário de entre Condeixa e Alvaiázere, região onde existem centenas de cavidades, muitas delas ligadas entre si, nem todas exploradas ou descobertas. “A génese das cavidades calcárias está ligada à água que, por processos físicos de erosão e químicos de dissolução, forma grutas e algares”, explica o engenheiro químico Miguel Pessoa.

Enquanto nos equipávamos, Samuel Ribeiro, militar, explicava que a gruta a descobrir era horizontal e tinha mais de 2500 metros de galerias estudadas. E deixa aum alerta: “lá dentro, qualquer erro pode ser fatal”.

No ar, paira um odor a gruta, impossível de definir. O silêncio é tão absoluto que chega a ser ruído. Chegamos à primeira sala. Enquanto esperamos que os restantes elementos do grupo passem o primeiro teste, admiramos as cataratas de calcite e as suas formações, ora em estalactite ora em escorrência acidentada. Brilham no negrume, criando imagens fantásticas. Enormes pedras afiadas projectam sombras infernais. Está frio e escuro, mas o espectáculo da riqueza de espeleotemas é deslumbrante.

A sensação é de paz, de sossego. Diz Samuel Ribeiro: “Aqui, estamos totalmente abstraídos do mundo exterior. É claro que não trocava uma descida por uma ida ao ‘shopping’ ou à praia. Provavelmente sinto o mesmo que um descobridor sentiu quando chegou aos Açores ou ao Brasil”.

Estamos preparados para continuar até à próxima sala. A tarefa parece, desta vez, mais complicada, pois os primeiros espeleólogos a avançar têm que se arrastar obstinadamente sob rochas que quase molestam o corpo.

Ao ver o buraco a ultrapassar, temos a sensação de que não vamos caber. Mas, rastejando sobre as superfícies calcárias, laminadas e húmidas, por cima de mantos rugosos de estalagmites rosadas que cintilam à passagem do ténue clarão de luz projectada pelos capacetes dos espeleólogos, conseguimos prosseguir a aventura.

Ana Quinta é a única jovem do grupo de descida. “Gosto de visitar as grutas mas não sou propriamente uma adepta da espeleologia ou da exploração”. Parece-nos que está ali porque gosta de acompanhar o namorado, o recordista português de descida, Fernando Pinto, um dos mais hábeis a ultrapassar os obstáculos. Ela nega: “Não é isso. É pelo espírito, possível, de aventura”.

Depois de algumas horas de sacrifício, chegam finalmente os grandes momentos da contemplação. No silêncio da grande galeria, 20 metros de diâmetro, observam-se fantásticas cascatas de calcite. A beleza é mais rude, fora do imaginável, e a penumbra parece fantasmagórica. (...)"

Clicar no link para ler toda a reportagem...

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