GeoLeiria

Este Blog pretende ser o ponto de encontro e debate dos Geólogos em/de Leiria e de todos aqueles que gostam desta ciência ou de Biologia, Geografia, Ambiente e Astronomia, entre outras. Criado no âmbito do Projecto Ciência Viva VI "À descoberta da Geologia em Leiria", com membros nas Escolas Correia Mateus e Rodrigues Lobo, Núcleo de Espeleologia de Leiria e Centro de Formação de Leiria, neste local serão colocadas novidades locais, nacionais e internacionais, actividades de Escolas e outros.

sexta-feira, março 16, 2007

Pia do Urso e o seu Ecoparque Sensorial

A Pia do Urso é um pequeno lugar da freguesia de S. Mamede, concelho da Batalha, distrito de Leiria, integrado dentro do Maciço Calcário Estremenho (o MCE de Fernandes Martins) e, infelizmente, fora do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC).

Citando o site da Câmara da Batalha, podemos ainda dizer o seguinte: "Local carregado de história, Pia do Urso oferece aos visitantes uma paisagem natural verdadeiramente deslumbrante, onde poderá apreciar também o magnífico trabalho de restauro das habitações típicas desta região serrana, em que a pedra e a madeira se constituem como os principais materiais utilizados.

Nesta aldeia recuperada, está também instalado o primeiro ECOPARQUE SENSORIAL destinado a Invisuais de Portugal. Um conceito inovador, que pretende levar até estes cidadãos a possibilidade da apreensão do meio envolvente que os rodeia utilizando, para o efeito, os restantes sentidos, particularmente o tacto e o olfacto."


Quanto ao local, diz este site ainda:

Breves considerações históricas sobre a Pia do Urso

"Já no tempo dos Romanos, o lugar de Pia do Urso era utilizado como ponto de passagem, restando ainda na localidade de Alqueidão da Serra (Porto de Mós), um troço da via então existente e que servia os grandes povoados, nomeadamente Olissipo (Lisboa), Collipo (Batalha/Leiria) vindo a cruzar-se depois na direcção de Bracara Augusta (Braga) a Mérida, então capital da Lusitânia.

Dada a morfologia do terreno existente – assente num maciço rochoso calcário esventrado por dezenas de reentrâncias nas rochas designadas por pias – este local constituía-se como o único de Porto de Mós a Ourém com grandes quantidades de água.

Já na Idade Média, mais precisamente em 1385, a Pia do Urso foi local de passagem das tropas comandadas por D. Nuno Álvares Pereira, na caminhada efectuada de Ourém a Porto de Mós com destino a Aljubarrota onde, nesse local, decorreu uma das batalhas mais decisivas para a afirmação da independência de Portugal.

O Condestável, de acordo com os relatos de então, terá aproveitado este local paradisíaco para efectuar uma paragem e, assim, descansar. As tropas lusas terão aqui recolhido algumas pedras lascadas utilizadas na Batalha de Aljubarrota.

Cerca de 500 anos mais tarde, o Concelho da Batalha, a Freguesia de São Mamede, e em particular o lugar da Pia do Urso, foi também ponto de passagem dos militares das invasões francesas, que por entre pilhagens e massacres efectuados, dizimaram populações e património.

Dada a singularidade do espaço natural onde está inserido, o lugar de Pia do Urso carrega em si um misto de fábula e magia, prevalecendo duas lendas em redor deste lugar, que a seguir se dão conta de forma sumária.

Começando pela provável origem do nome desta localidade, dizem os mais antigos que a designação se ficou a dever ao facto de um urso (provavelmente um Urso Ibérico) aproveitar uma das pias existentes no maciço rochoso e aí beber água com frequência.

A pia em questão, devidamente assinalada no local, apresenta um declive natural que facilitaria a este e a outros animais a ingestão do líquido, numa zona, recorde-se, densamente arborizada.

Outra lenda em redor da Pia do Urso aborda a existência, há alguns anos, de uma oliveira diferente das demais, em virtude desta apresentar a rama preta e ao longo da sua vida nunca ter produzido azeitona. A explicação para estes factos bizarros, apontavam os mais idosos, relacionava-se com a hipótese de, aquando da permanência naquele local dos exércitos franceses, a oliveira ter servido de esconderijo de armas, munições e pólvora."

Da visita que fiz ao local, ressalvo o seguinte:
  1. É um local excelente para ir com crianças ou invisuais, em grupo familiar ou, simplesmente, para fazer um pic-nic...
  2. As reconstruções das casas tradicionais são interessantes (pese o pormenor de algumas terem umas chaminés que fazem lembrar as das casas algarvias, mas isto deve ser impressão minha...).
  3. Há ainda pouca informação sobre aluguer de casas e falta ainda animação comercial ao lugar (neste momento há só um café...) e o posto de informações ainda funciona intermitentemente...
  4. O Percurso precisa de algumas afinações e de muita manutenção (há muita coisa que está estragada ou em vias de...).
  5. As placas de entrada (gigantescas...) estão paralelas ao eixo da estrada entre S. Mamede e Mira d'Aire, pelo que se pode passar sem as ver...
De seguida iremos colocar aqui algumas fotos, em diversos posts, que tirámos da nossa ida a este magnifico local, em 10.03.2007 (sábado)...