GeoLeiria

Este Blog pretende ser o ponto de encontro e debate dos Geólogos em/de Leiria e de todos aqueles que gostam desta ciência ou de Biologia, Geografia, Ambiente e Astronomia, entre outras. Criado no âmbito do Projecto Ciência Viva VI "À descoberta da Geologia em Leiria", com membros nas Escolas Correia Mateus e Rodrigues Lobo, Núcleo de Espeleologia de Leiria e Centro de Formação de Leiria, neste local serão colocadas novidades locais, nacionais e internacionais, actividades de Escolas e outros.

segunda-feira, dezembro 31, 2007

Vigilância de Tsunamis no Atlântico

Tsunami
Portugal vigia ondas no Atlântico
2007-12-29

A 25 de Agosto deste ano o navio da marinha italiana ‘Urania’ colocava, a cerca de cem quilómetros a sudoeste do cabo de São Vicente e a 3200 metros de profundidade, o primeiro observatório subaquático de tsunamis ao largo da costa portuguesa. Iniciava--se assim a criação de um sistema de alerta para ondas gigantes no Oceano Atlântico, o Geostar.


“Depois do tsunami de Sumatra, em Dezembro de 2004, a UNESCO decidiu colocar estes sistemas em todos os oceanos”, refere Maria Ana Baptista, coordenadora do grupo de trabalho português do Nearest (ver caixa). “No Pacífico já existia um, no Índico e no Atlântico ainda não”, acrescenta.

O local para a colocação da Geostar foi escolhido por ter sido naquela zona que tiveram origem os principais sismos que assolaram Portugal – incluindo o de 1755 – junto às falhas do Marquês de Pombal e da Ferradura É também ali que se acredita poder ser gerado um sismo com amplitude semelhante, com capacidade para criar um tsunami, como aconteceu no séc. XVIII.

“Para surgir um tsunami, um sismo no fundo do mar tem de ter, pelo menos, 6.5 ou 7 graus de magnitude na escala de Richter”, diz Maria Ana Baptista. “Foi isso que aconteceu em 1755 como se acredita que tenha acontecido no sismo de 1969”, conta. Neste último abalo “houve um tsunami”, mas como se verificou às 02h00 da manhã “existem poucos testemunhos”, explica a investigadora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

No equipamento que compõe a Geostar existe um sismómetro que detecta a magnitude dos abalos, tal como sensores para controlar a pressão da água (ver caixa sobre equipamento).

A informação é enviada do fundo do mar para a bóia à superfície e depois desta para as estações que se encontram em terra. “Se há a possibilidade de se gerar um tsunami, nessa altura o Instituto de Meteorologia avisa a Protecção Civil e são tomadas medidas de prevenção”, descreve Maria Ana Baptista. A velocidade a que a informação é difundida é essencial. Para que se tenha uma ideia, em 1755 o tsunami demorou vinte minutos a atingir a costa. Em 1969 foram 35 minutos.

A Geostar foi colocada a título experimental e é financiada pelo Nearest – com fundos do VI Quadro Comunitário de Apoio. Para já existem verbas para a manutenção durante um ou dois anos. Depois a intenção é que seja englobado no projecto da UNESCO que deve estar a funcionar em pleno em 2011.

EQUIPAMENTO NO FUNDO DO MAR

O equipamento que detecta a eventual formação de um tsunami está no fundo do mar em permanente comunicação com a bóia à superfície – é esta que depois envia a informação para as estações na costa. A detecção é feita através dos sensores de pressão (1), que analisam o peso da coluna de água. Uma variação pode indicar a possibilidade de formação de um tsunami. O sistema inclui ainda um sismómetro (4) para detecção de abalos, um hidrofone (3) que transforma os sons subaquáticos em impulsos eléctricos e as baterias (2), que fornecem a energia a todo o conjunto.

COMO SE FORMAM

Os tsunamis formam-se quando há alterações abruptas que provocam o deslocamento vertical de uma grande massa de água, formando uma ou várias ondas de grande dimensão. Na origem dos tsunamis podem estar sismos, como aconteceu no Oceano Índico em 2004, mas também explosões vulcânicas ou mesmo o impacto de meteoros. No caso dos sismos, quando ocorrem no mar a massa de água localizada sobre a zona é afastada da posição de equilíbrio. As ondas são resultado da acção da gravidade sobre a perturbação da massa de água.

SISTEMA CUSTOU 330 MIL EUROS

O Nearest é um projecto que pretende identificar e caracterizar potenciais fontes de tsunami perto da costa no golfo de Cadiz. A Geostar, que custou 330 mil euros, foi um dos passos mais importantes do projecto, que conta com a participação de diversos organismos e universidades de Portugal, Itália, Espanha, Alemanha, França e Marrocos. A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa é o representante nacional. Maria Ana Baptista refere que depois do período inicial “terá de ser um organismo oficial, do Estado, a assumir as despesas com a manutenção da estação”.


NOTAS

GRANDES SISMOS

Na zona onde está a Geostar teve origem a maioria dos grandes sismos que afectaram Portugal, nomeadamente os de 1755 e de 1969 que geraram tsunamis.

LOCALIZAÇÃO EXACTA

A Geostar está localizada na latitude 36,30 Norte e longitude 09,37 Oeste, no golfo de Cadiz, entre Portugal e Marrocos, à entrada do estreito de Gibraltar.

in Correio da Manhã - ver notícia

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