quarta-feira, outubro 31, 2007
Projecto CiênciaLIZar - IPL
Tem sede no Instituto Politécnico de Leiria e tem como principal objectivo ser um pólo de actividades acessíveis aos alunos e professores da região de Leiria.
Este Centro, sem fins lucrativos, nasce da vontade de divulgar as ciências, desenvolvendo actividades direccionadas a toda a comunidade escolar, em particular à da região de Leiria, e ao público em geral, pretendendo ser uma ponte entre os diferentes níveis de ensino e os restantes elementos da comunidade.
III Congresso dos Jovens Geocientistas
O tema
Os objectivos
O congresso, tal como as actividades que o precedem, está centrado nos alunos e pretende que estes desenvolvam competências (conhecimentos, capacidades e atitudes) gerais e específicas, como, por exemplo:
- Concepção e implementação de percursos de pesquisa;
- Estimulação de atitudes críticas e solidárias em contexto de trabalho cooperativo;
- Compreensão dos mecanismos de validação e divulgação dos resultados;
- Compreensão do papel das Geociências na progressão do conhecimento sobre o Universo, a Terra, a Vida e a Sociedade;
- Reconhecimento da relevância das Geociências no desenvolvimento das sociedades actuais;
- Adopção de atitudes que contribuam para a sustentabilidade no planeta Terra.
As actividades e os resultados
As actividades pré-congresso centram-se numa perspectiva de ensino e aprendizagem por pesquisa, tendo como objecto de estudo o planeta Terra.
Os subtemas principais
- A História da Terra
- O Interior da Terra
- Recursos Geológicos
- Geologia e Paisagem
- Mudanças Climáticas
- Os Oceanos e o Litoral
- Os Solos
- Riscos Geológicos
- A Terra e a Saúde
O programa Preliminar
2ª feira, 21 de Abril
Actividades práticas no campo*
3ª feira, 22 de Abril
Recepção dos congressistas
Cerimónia de abertura
Conferência
Apresentações orais
Sessão de “posters” I
Almoço livre
Apresentações orais
Sessão de “posters” II
Conferência
4ª feira, 23 de Abril
Actividades práticas no campo*
Organização
Departamento de Ciências da Terra
Largo Marquês de Pombal
3000-272 Coimbra
Portugal
Tel: 239 860 500
Fax: 239 860 501
Endereço de correio electrónico: 3geojovem@dct.uc.pt
Datas importantes
Pré-incrições:
Até 16 de Novembro de 2007.
Envio das fichas de inscrição (individual e grupo):
Até 5 de Janeiro de 2008.
Confirmação da inscrição e entrega dos resumos:
Até 1 de Fevereiro de 2008.
*Estão planeadas actividades práticas no campo com 5 itinerários distintos:
1 - Região da Barragem da Aguieira;
2 - Região de Figueiró dos Vinhos;
3 - Região de Condeixa-a-Nova – Pombal (apenas para alunos do ensino secundário);
4 - Região da Senhora da Candosa-Cabril do Ceira;
5 - Região da Serra da Estrela.
(O nº de participantes será limitado, pelo que, a selecção será feita pela ordem de inscrição).
Links:
Programa preliminar
Ficha de Inscrição
Dia Aberto do DCT/UC 2008
A carta que o Doutor António Saraiva nos mandou diz o seguinte:
"Prezados Colegas,
O Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra vai realizar um programa de visitas destinado, preferencialmente, aos alunos das Escolas Básicas e Secundárias e aos Professores acompanhantes (especialmente os do Grupo 520 – Biologia e Geologia) nos dias 3 e 4 de Março de 2008, no âmbito do Dia Aberto da Universidade de Coimbra. Esta iniciativa vem na sequência de outras idênticas que se realizaram nos últimos quatro anos e que tiveram um grande sucesso graças ao empenho dos alunos e dos professores intervenientes. Pretende-se que os alunos e os professores possam executar experiências simples e manusear equipamentos nos laboratórios e nas salas de aulas deste Departamento, que tomem conhecimento das actividades desenvolvidas pelos Geólogos e Engenheiros Geólogos e de Minas e da sua importância na sociedade e divulgar o 1º ciclo de estudos em Geologia (licenciatura em Geologia) e o Menor em Engenharia Geológica e de Minas.
Solicitamos a divulgação desta iniciativa, preferencialmente junto dos professores
do grupo 520 – Biologia e Geologia.
No início de Novembro p. f. será enviado o programa de actividades, bem como
informações acerca dos prazos para as inscrições e dos meios a utilizar para as efectivar."
sexta-feira, outubro 26, 2007
Cometa 17P/Holmes !
sábado, outubro 20, 2007
Conferência Ibérica de Arqueoastronomia
O Centro Multimeios de Espinho vai organizar a Iª Conferência Ibérica de Arqueoastronomia e Astronomias Antigas. Trata-se de um evento revestido do maior carácter científico e no qual se pretende compreender a relação que existe entre duas ciências, a Arqueologia e a Astronomia, nomeadamente na relação entre variados vestígios arqueológicos e a sua relação com o estudo da astronomia pelas designadas culturas ou civilizações antigas. Porém as balizas cronológicas são muito ténues e esta nova ciência abarca várias realidades temporais que vão para além das civilizações antigas e também diversos campos de estudo.
Dentro da comunidade científica internacional a Arqueoastronomia é considerada uma disciplina jovem, com pouco mais de vinte e cinco anos, mas onde muito trabalho tem sido desenvolvido. Tendo em conta que a Astronomia desempenha um papel muito importante na cultura de povos e civilizações, tem havido um trabalho sério de cooperação entre equipas de arqueólogos, historiadores e astrónomos. Assim, pretende-se reunir nesta Iª Conferência, trabalhos de investigação que se têm vindo a realizar no âmbito do espaço ibérico em áreas que se relacionam com a Arqueoastronomia, nomeadamente:
- Arqueologia
- Astronomia
- História da Astronomia
- Etnologia
- Pré-história
- História da arte
- Arquitectura
- História das mentalidades
- História das religiões
- História dos descobrimentos
- História da cultura das civilizações ancestrais
- História da literatura e da cartografia
Fonte:
sexta-feira, outubro 19, 2007
Dinossáurio de Areia
Escrito por Geraldo Barros, "Campeão das Províncias,12-Out-2007
Reproduzido numa escala próxima do real pelo escultor Pedro Mira na Praça Marquês de Marialva (Cantanhede), o dinossauro de areia, um triceratops, pretende divulgar a exposição “Os Dinossáurios Regressam a Cantanhede”, patente ao público no Museu da Pedra.
A peça escultórica está a ganhar forma na praça em frente ao edifício dos Paços do Concelho de Cantanhede e deverá ficar concluída dia 13 de Outubro. Integralmente patrocinada pelo Banco Popular, esta original iniciativa implica a utilização de mais de 40 toneladas de areia para dar forma a uma composição com aproximadamente oito metros de comprimento por seis de largura e dois e meio de altura. Apesar do material utilizado – a areia – a escultura deverá manter-se intacta durante cerca de dois meses, ou seja, até 9 de Dezembro, data em que termina a exposição “Os Dinossáurios Regressam a Cantanhede” e após a qual a areia utilizada na escultura será aproveitada pelos serviços técnicos camarários na execução de obras municipais.
Formado em artes plásticas com especialização em escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Pedro Mira tem desenvolvido intensa actividade em diferentes territórios das artes plásticas, designadamente, em trabalhos semelhantes ao que está a executar em Cantanhede, com participações em alguns dos mais prestigiados certames de escultura de areia, como o World Championships of Sand Sculpture (Søndervig, Dinamarca), Festival de Haarlemmermeer (Holanda), Festival de Istambul (Turquia), Lara Sand City (Antália, Turquia) e F.I.E.S.A. – Festival Internacional de Escultura em Areia de Armação de Pêra.
Organizada pelo Museu Nacional de História Natural, em parceria com o Município de Cantanhede, a exposição “Os Dinossáurios Regressam a Cantanhede” é constituída por réplicas de esqueletos completos de diversos exemplares de dinossáurios, ninhos com ovos de diferentes espécies e vários tipos de dentes e garras, bem como painéis representativos sobre os seus modos de vida.
in Blog De Rerum Natura - post aqui
O cancro que mata os professores
Mas, se calhar, o cancro que mata os professores tem outro nome - e para não dizer nada de que me arrependa, aqui ficam duas notícias, com três meses e seis dias de intervalo, a primeira de 11.07.2007 e a segunda de 17.10.2007:
in JN (11.07.2007) - notícia aqui
A legislação que rege as juntas médicas vai mesmo mudar. Depois de se conhecer, há um mês, o caso de uma docente que faleceu no activo por lhe ver recusada a reforma antecipada por doença incurável e, há 15 dias, o de outro professor; depois de a Ordem dos Médicos alertar para a necessidade de as juntas terem só médicos e não fazerem depender as suas decisões de critérios administrativos e financeiros; depois de os deputados do PS terem acedido a estudar como funcionam essas juntas; e depois de a ministra da Educação ter falado em aproveitamento político quando foi instada a pronunciar-se sobre os casos, o primeiro-ministro veio dar uma carga política à questão. E dizer-se chocado ao ponto de ordenar uma auditoria a todos os processos da Caixa Geral de Aposentações.
"Eu fiquei tão chocado como a opinião pública com esses dois casos e penso que não se devem repetir", disse ontem José Sócrates. Casos que "merecem resposta política", apesar de não competir ao Governo a decisão sobre baixas.
O primeiro-ministro afirmou ter dado "orientações ao Ministério das Finanças" para as auditorias "a todas as juntas médicas da área da Caixa Geral de Aposentações" (CGA) mal soube dos casos. E promete agora que a lei vai impedir que nenhuma junta terá membros não médicos e que a CGA lhes dará apoio técnico mas "não participará em nenhuma das decisões".
Esta sugestão fora já deixada pela OM, cujo bastonário vem agora "aplaudir" o anúncio de Sócrates. "O que o nosso país precisa é de auditorias", disse Pedro Nunes ao JN. Recorde-se que as juntas da CGA (que gere as reformas da Função Pública) são compostas por médicos do quadro ou contratados e têm as decisões validadas pelo médico-chefe do organismo.
A intervenção do primeiro-ministro no processo foi já aproveitada pelo CDS-PP, que vai pedir uma audição pública com pessoas envolvidas em casos semelhantes aos dos dois docentes, médicos e intervenientes em juntas e com especialistas em gestão da administração pública. De acordo com o deputado popular Pedro Mota Soares, pretende-se perceber "que tipo de alteração se impõe se nas próprias juntas médicas, se na legislação, ou, apenas numa coisa mais simples: a validação dada pelas autoridades". A iniciativa surge depois de o CDS ter sido acusado pela ministra da Educação de aproveitar politicamente o caso dos dois docentes. "A ministra nem reconheceu a gravidade da situação. Foi preciso o primeiro-ministro vir hoje reconhecê-la e dizer que são necessárias alterações", disse ao JN o deputado, que recebeu "várias queixas e denúncias anónimas de histórias relativamente semelhantes".
Caixa Geral de Aposentações recusa reforma a professora com cancro na língua
in Público (17.10.2007) - notícia aqui
A Caixa Geral de Aposentações (CGA) recusou a reforma por invalidez a uma professora de 50 anos a quem foi retirada parte da língua devido a um cancro, anulando uma decisão da junta médica que a tinha declarado permanentemente incapaz.
Em declarações à Lusa, Conceição Marques, professora do primeiro ciclo na escola básica da Regedoura, em Ovar, explicou que, em 2003, foi-lhe diagnosticado um cancro na língua, tendo sido submetida, em Abril do mesmo ano, a uma cirurgia para retirar uma parte substancial daquele órgão, o que a deixou com grande dificuldade em falar.
Na altura, foi-lhe dada uma baixa médica de 36 meses e, no final desse período, a Direcção Regional de Educação do Centro indicou-lhe que deveria pedir a aposentação por invalidez, um processo que se arrasta desde Novembro de 2005.
"Tenho muitas dores e uma grande dificuldade em falar, sobretudo depois de algumas horas a dar aulas. Às vezes, durante as aulas, fico com lesões na língua, que começa a sangrar, e tenho de pedir a alguma colega ou funcionária da escola para ficar com as crianças", contou a docente.
CGA anula decisão de junta médica
Em Agosto do ano passado, Conceição Marques, que lecciona há 29 anos, foi chamada à primeira junta médica, que a declarou permanentemente incapaz para o exercício das funções, tendo-lhe sido atribuída a aposentação por invalidez.
No entanto, essa decisão acabou por ser anulada pela própria CGA, que alegou que tinha havido um erro no preenchimento dos relatórios por parte da junta médica.
Perante o incidente, a professora pediu uma junta médica de revisão, para a qual foi chamada já em Agosto deste ano. Na sequência da mesma, a CGA notificou-a para ir a uma consulta de otorrinolaringologia numa clínica do Porto, marcada para ontem, mas, quando lá chegou, disseram-lhe que não havia qualquer marcação e que a consulta não poderia ser realizada por ausência do médico.
"Não aguento mais dar aulas"
Conceição Marques tem agora uma nova consulta agendada para 23 de Outubro, mas, perante o arrastar da situação e os vários incidentes do processo, lamenta que a Caixa Geral de Aposentações "ande a brincar" com a sua vida.
"Não aguento mais dar aulas. Estou física e psicologicamente arrasada. Se eu morrer fico mais barata à CGA", afirmou a docente.
A indignação de Conceição Marques é ainda maior porque nunca tinha requerido baixas médicas ou a reforma, mesmo quando, antes deste processo, lhe foram diagnosticados outros dois cancros.
Em Julho de 1997, um cancro da mama obrigou-a a fazer uma mastectomia radical, retirando todo o seio direito, e quatro meses depois foi-lhe diagnosticado um outro tumor maligno no útero, o que levou à extracção daquele órgão e dos ovários.
"Mantive sempre a minha vida profissional sem alteração. Mesmo nos dias da quimioterapia, nunca faltei e nunca pus baixa médica", assegura a professora.
Hoje, no entanto, a situação é diferente. Conceição Marques afirma "não aguentar mais" e lamenta "não ser capaz" de dar aos seus 21 alunos do primeiro ano "tudo aquilo que merecem, inclusivamente estabilidade emocional".
"Não compreendo o que me estão a fazer. Não se faz a mim, mas também não se faz a estas crianças", considerou Conceição Marques.
Sindicato "exige que a tutela analise os casos"
A situação indignou o Sindicato dos Professores da Zona Norte, que "exige que a tutela analise os casos que envolvem a aposentação de docentes, concretamente no que toca à apreciação e decisão das juntas médicas".
"Já após o conhecimento de inúmeros casos de clara injustiça, onde docentes são obrigados a trabalhar em clara inferioridade física e psicológica, existem hoje situações que não foram alteradas e que, pelo contrário, se mantêm num impasse e seguem até contornos pouco claros", refere o sindicato, em comunicado.
A Lusa contactou o Ministério das Finanças, responsável pela Caixa Geral de Aposentações, mas não obteve resposta até ao momento.
Em Julho, o primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou uma auditoria a todas as juntas médicas da CGA e mudanças na legislação que regula a sua composição.
A decisão surgiu na sequência da divulgação pública dos casos de uma professora de Aveiro com leucemia e de um docente de Braga com cancro na traqueia que trabalharam nas escolas praticamente até à data da morte, depois de lhes serem negados os respectivos pedidos de aposentação.
"Eu fiquei tão chocado como a opinião pública ficou com esses dois casos e penso que não se devem repetir", afirmou, na altura, José Sócrates.
Com a revisão da composição das juntas médicas, aprovada a 12 de Julho, o Governo definiu que estas passavam a ser exclusivamente constituídas por médicos e aumentou os direitos de recurso por parte dos requerentes de processos de verificação de incapacidade.
Chernes e ornitorrincos
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 18/10/2007)
“A prova de que Deus tem sentido de humor é o ornitorrinco”, Woody Allen
A atribuição de características humanas a seres vivos ou a elementos naturais – antropomorfismo – é recorrente na literatura, pintura ou na linguagem do dia-a-dia. O inverso – zoomorfismo – que é designar ou conceder singularidades animais a pessoas ou instituições humanas, é frequente na vida política portuguesa. O mais recente caso compara a situação do maior partido da posição ao ornitorrinco – Ornithorhynchus anatinus.
Pacheco Pereira, no seu livro “O Paradoxo do Ornitorrinco – textos sobre o PSD” deve, e digo deve pois não li o livro, discorrer sobre o aparente caos em que o PSD parece estar mergulhado.
Mas quais os motivos pelos quais o ornitorrinco exerce um fascínio tão grande?
Apesar de mamífero, as fêmeas ornitorrinco colocam ovos sendo as crias posteriormente alimentadas com o leite materno. Este animal apresenta ainda a mandíbula semelhante a um bico de pato, morfologia ímpar entre os mamíferos, morfologia que está na justificação etimológica do seu nome científico Ornithorhynchus – focinho de ave.
É esta amálgama de particularidades reptilianas, avianas e mamiferóides que contribuem para que este monotrémato – grupo de mamíferos primitivos a que pertence o ornitorrinco – desempenhe um papel quase mitológico no imaginário colectivo.
Num dos capítulos de “A Feira dos Dinossáurios” do paleontólogo e historiador da Ciência Stephen Jay Gould, é feita a resenha histórica de como os naturalistas dos sécs. XVIII e XIX observavam o ornitorrinco. Primitivo, ineficiente e imperfeito foram alguns dos adjectivos utilizados então para descrever o mamífero australiano. A Natureza, para aqueles cientistas, deveria apresentar divisões claras e inequívocas na sua diversidade de formas. Estas divisões seriam o resultado da sabedoria divina.
A miscelânea morfológica do ornitorrinco originava, assim, acesos debates não só biológicos mas também teológicos.
Os monotrématos (como o ornitorrinco) divergiram evolutivamente das linhagens de mamíferos marsupiais (como o canguru) e placentários (como o ser humano) há mais de 100 milhões de anos. Assim, sempre se pensou que estariam desprovidos da fase REM do sono (nos humanos a fase do sono em que se sonha) pois esta seria uma característica moderna. Um estudo de 1998 veio desmentir aquela suposição – o ornitorrinco apresenta sono REM. A quem interessar…
O aparente paradoxo, seja político, morfológico ou outro, materializado na forma do ornitorrinco, assenta na errada premissa evolutiva de que os organismos não devem apresentar fusão de características – um animal não deveria colocar ovos e alimentar as suas crias com leite produzido por glândulas mamárias, entre outras.
Gould contrapõe que é precisamente essa amálgama de especificidades que teriam concedido ao ornitorrinco vantagens evolutivas.
Um outro caso de zoomorfismo político envolveu, no passado recente, um conhecido político português e o poema de Alexandre O'Neill:
Sigamos o cherne, minha amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Adivinhem quem é…
Imagens (fontes) - links nas imagens
quinta-feira, outubro 18, 2007
O Que Há Para Negociar ou Avaliar Com Gente Desta?
Também eu me distrai com a história das grelhas de avaliação e todo aquele rendilhado para preencher, quando afinal nada daquilo interessa caso tenhamos um acidente ou um percalço imprevisto e formos obrigados a faltar a um bloco ou dois de aulas e não o pudermos repor ou permutar.
Como se determina no número 7 do artigo 22º do decreto que está em “negociação” quem não der 100% das suas aulas nos diversos anos escolares em que for avaliado não poderá ter Excelente. O que significa que se eu apanhar qualquer doença nunca poderei ser excelente se faltar a um dia de aulas e não o conseguir substituir em todas as turmas. Ou quem fique encravado no trânsito. E já nem falo nas situações de gravidez.
Nem sei para que está lá no n.º 6 a previsão de quotas para as classificações. Com este regime é impossível a quem tenha uma vida normal, com percalços, familiares doentes que é preciso acompanhar, crianças sempre susceptíveis de adoecerem ou criarem situações de emergência, compromissos inadiáveis, chegar ao Excelente, a menos que mendigue permutas ou ande a dar aulas extra. Porque as substituições não chegam, mesmo que seja com planos de aula.
Não é que pretenda obter tal classificação, porque espero faltar mesmo só porque sim, por puro e simples mau feitio, mas já fui obrigado a recusar ir à cerimónia de entrega dos diplomas e medalhas de doutoramento na Universidade de Lisboa, assim como deixei de poder comparecer às reuniões de uma unidade de investigação a que pertenço na FCSH da Universidade Nova, pois sou um dos que têm o ME como tutela.
As minhas situações ainda são males menores, mas há outras (casos de doenças ou acidentes com alguma duração que impedem um sistema de permutas, em especial se acontecerem perto do final do ano lectivo) para as quais são incompreensíveis tais consequências, sendo absolutamente vergonhoso, indigno e mesmo asqueroso que isto seja implementado por gente que no passado teve um desempenho pessoal duvidoso exactamente na área da assiduidade. Tenha ou não a coisa sido lavada com legislação ou pareceres mais ou menos à medida.
Sendo que depois são esses que mandam para a comunicação social as bocas off the record sobre a falta de assiduidade dos professores ou que o que eles querem é faltar.
Recordemos o currículo de um certo SE lá pelas suas terras de origem ou mesmo as faltas da Ministra a reuniões em Bruxelas, logo em 2005, quando a imprensa se distraiu e noticiou tais ausências (tenho esse Expresso ainda guardado).
HAJA VERGONHA!
O Regresso do Professor(a) Como Missionário(a)
Não sei se já terão reparado como a política deste Governo em prol da natalidade está pensada de forma a não incluir os docentes nos incentivos à procriação.
Efectivamente, os docentes que ousarem procriar a quiserem beneficiar dos direitos paternais a que têm legalmente direito, verão quaisquer possibilidades de avaliação e progressão na carreira irremediavelmente comprometidas.
Uma professora que fique grávida, por exemplo, duas vezes num espaço de tempo que apanhe quatro anos lectivos e desfrute da natural licença de maternidade para cada uma das situações, verá a sua avaliação suspensa, o que para todos efeitos corresponde a um congelamento.
Um professor que seja pai e pretenda gozar os dias de licença correspondentes, caso não queira ver a sua avaliação prejudicada pelas faltas correspondentes, terá de repor todas as aulas que não der, mesmo que deixe todas as actividades planificadas com planos para as respectivas substituições.
Ou seja, sendo a licença destinada a atribuir um direito especial à paternidade, de acordo com o ME deve ser um “privilégio” a remover, pois o docente deve, na prática, dar exactamente as mesmas aulas. O que, na prática, significa que não gozará qualquer licença.
Estas situações, bem concretas e não caricaturais, estão em cima da mesa para aprovação pelo ME, exactamente quando o PM se arvora em campeão das políticas de natalidade. Há uns tempos, com a infelicidade que se lhe reconhece quando fala sem guião, a Ministra da Educação justificava penalizações semelhantes nos concursos para professor-titular, com a justificação que esse(a)s docentes já não estariam em idade de ter filhos. Não sei se agora considera que isso se aplica a toda uma classe, independentemente da idade.
Se lhes recomenda mais o celibato ou a castidade, como forma privilegiada de manifestação da excelência para progressão na carreira. Ou se considerará que esses factores devem ser pesados por quem pensar seguir a via da docência, como afirmou para o caso do desemprego. Não é exagero nenhum afirmar que nem Salazar avançou tanto nesta via tristonha e reveladora de uma mentalidade tacanha e autista em relação aos direitos das professoras.
Mas estas são situações que não atentam apenas sobre direitos adquiridos dos professores, atentam contra direitos adquiridos nas sociedades ocidentais democráticas que gostam de se apresentar como modelos para o resto do mundo.
E não são situações que, de modo algum, sejam significativas para o combate ao insucesso ou abandono escolar. Ou que, sequer, tenham relevo em matéria de combate ao défice orçamental.
São apenas sinais de uma profunda arrogância e desrespeito pelos indivíduos, enquanto cidadãos plenos. São quase apenas manifestações de despeito e desforço para com uma classe profissional.
E são obviamente situações de constitucionalidade mais do que duvidosa. Será por isso que agora acham que devem mudar a Constituição?
Posted by Paulo Guinote under Abusos de Poder, Avaliação, Carreira, Educação, Vergonhas
quarta-feira, outubro 17, 2007
e-Learning - 4º curso Moodle
http://www.metododirecto.net/moodle/course/view.php?id=14
Se o e-Learning (aprendizagem por meio de redes electrónicas) é uma temática do seu interesse e pretende desenvolver competências em actividades de blended-learning (ensino misto), portfolio ou na dinamização de comunidades interactivas, inscreva-se neste curso e viva uma experiência enriquecedora de aprendizagem partilhada e de valorização pessoal:
http://www.metododirecto.net/moodle/mod/questionnaire/view.php?id=147
terça-feira, outubro 16, 2007
Adriano - 25 anos de saudade
Faz hoje 25 anos que o cantor Adriano Correia de Oliveira partiu. Uma hemorragia no esófago, fulminante, levou-o quando estava nos braços de sua mãe, ainda um jovem e com tanto para dar. Um dos melhores cantores de Coimbra e da canção de intervenção, uma voz única que deixa muitas saudades...
Adeus Adriano...!
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quinta-feira, outubro 11, 2007
Localização da Mina da Guimarota
- as opções Map (mapa), Sat (Satellite - fotografia área) e Hyb (Hybride - fotografia área com alguns aspectos marcados);
- a Escala (entre o + e -);
- a mudança da área visível (usar as setas ou o rato do PC - que aparece com aspecto de mão dentro do mapa - para mudar de localização visível).
View Larger Map
quarta-feira, outubro 10, 2007
Adiamento da ida à Mina da Guimarota
Foi com profunda tristeza que decidimos adiar a ida à Antiga Mina da Guimarota, pelo que vamos explicar o que fizemos previamente e o correu mal nos momentos finais que antecederam a visita.
Depois, já neste ano, eu e a Céu Machado, num dia em que não tínhamos aulas, fomos até à Mina (com um aluno de Geologia de 12º Ano) e, como esta tinha sido ventilada pela máquina do dono do terreno, pudemos descer até ao estrato com carvão (onde se localizavam as duas primeiras galerias laterais, quase totalmente entulhadas) que está actualmente um pouco acima do nível de água na mina. Para tal descemos cerca de 50 metros, havendo escadas (degraus) em bom estado, com a galeria coberta a cimento (bem conservada) e iluminação eléctrica - um luxo... Deu para fotografar, recolher amostras e ainda para negociar com o dono do terreno a ida à Mina em Setembro/Outubro de 2007.
Depois disso começámos a contactar diversas instituições para nos apoiarem na visita (NEL - Núcleo Espeleológico de Leiria, na segurança e eventual detecção de morcegos, Bombeiros Municipais de Leiria, na questão da segurança, e ainda a Câmara Municipal de Leiria e a Junta de Freguesia de Leiria, no apoio a Almoço dos Doutores presentes e recordações para todos os participantes). Todas estas instituições nos apoiaram sem reservas, o que é de louvar.
Aproximando-se a data da actividade, fui numa primeira pré-visita mostrar a um elemento do NEL (o arqueólogo da CML Pedro Ferreira, que serviu de elemento de ligação com a Câmara) a localização da Mina e o seu interior. Nesta primeira ida (em 04.10.2007) verificámos que o interior da Mina estava sem oxigénio (íamos ficando lá...). Depois, em 08.10.2007, voltei à Mina e tive a confirmação do dono de que podíamos ir à Mina em 13.10.2007, tendo sido informado de que o ventilador da mina estava avariado. Nessa altura optámos por levar um carro dos Bombeiros até à Mina, com equipamento de respiração autónoma e alguns medidores de gases (não detectaram monóxido de carbono mas que confiram que o ar na mina era irrespirável a partir de uma certa profundidade).
Depois, em nova conversa, o dono do terreno reafirmou que podíamos ir à Mina no próximo sábado 10 de Outubro, mas, infelizmente, que não queria carros no terreno e que não queria ninguém na Mina antes de sábado. Assim, na impossibilidade de analisar correctamente os gases presentes na Mina (e que o antigo Comandante dos Bombeiros Municipais de Leiria, Eng.º Cunha Lopes, nos garantiu incluirem gases sulfurosos, com ácido sulfúrico, o que nos suscita algumas dúvidas...), na impossibilidade de ventilar longamente a mina (viemos a saber mais tarde que o ventilador da mina ainda funciona mas o dono do terreno não nos autorizou a sua utilização...) e na impossibilidade de ter um veículo de socorro dos Bombeiros no local, optámos por adiar a actividade.
Vamos agora brevemente reunir com a Câmara Municipal de Leiria para que esta tente fazer um protocolo com o dono do terreno onde a Mina está e tentar ainda que o INETI (ou ex-INETI...) comunique por escrito à Câmara Municipal de Leiria a importância da Antiga Mina da Guimarota e da necessidade de se fazer uma visita à mesma com especialistas para desemperrarmos esta actividade.
Às pessoas que demonstraram interesse na actividade e se inscreveram nela resta-nos agradecer o interesse demonstrado e pedir desculpas por termos de adiar a actividade, restando-nos a esperança de que tudo isto ajude na futura classificação da Mina da Guimarota como Monumento Natural (ou Geomonumento ou Sítio Classificado, que a nós tanto nos faz a tipologia da classificação...) e a realização de mais estudos sobre a sua conservação e preservação.
terça-feira, outubro 09, 2007
Ida à Mina da Guimarota - últimos dados
O texto seguinte fica para o histórico da actividade, que ainda não tem nova data.
Universidade de Coimbra - Departamento de Ciências da Terra:
- Doutor Pedro Callapez
- Doutor Jorge Dinis
- Doutor António Saraiva
- Doutor Fernando Figueiredo
- Doutora Lídia Gil
- Mestre Soares Pinto
Instituto Politécnico de Leiria - ESTG:
- Mestre Doutoranda Anabela Veiga
Museu da Lourinhã/Universidade Nova de Lisboa:
- Doutor Octávio Mateus
- Lic. Rui Castanhinha
- Lic. Ricardo Araújo
- Lic. Alessandra Boos
- Lic. Ana Sarzedas
INETI:
- Mestre José Brandão
Núcleo de Espeleologia de Leiria:
- Pedro Ferreira
- José Artur Pinto
Organização - Escolas Correia Mateus/Rodrigues Lobo e Blogues GeoLeiria/Geopedrados:
- Fernando Martins
- M.ª Adelaide Martins
- M.ª Céu Machado
Outros Professores, Espeleólogos e Estudantes de Geociências:
- Sofia Reboleira
- Bruno Pereira
- Pedro Alves
- Diogo Gaspar
- Raquel Barros
- Elsa Baptista
- Hugo Mendes
- Sérgio Medeiros
- Ana Rola
- Ricardo Pimentel
- Ana Monteiro
- Mestre Anabela Graça
- Fátima Cardoso
- Joana Tavares
- Tatiana Esmeraldo
- Norberta Soares
- Renato Cruz
- Maria Joana
Convidados locais a confirmar:
- Presidente da Câmara de Leiria, Dr.ª Isabel Damasceno
- Vereador Dr. Vítor Lourenço
- Vereador Eng.º Fernando Carvalho
- Presidente da Junta de Leiria Laura Esperança
- Comandante interino dos Bombeiros Municipais de Leiria
2. Horário
09.00 - Encontro na casa do Fernando Martins - Professores de Coimbra e Lisboa
10.00 - Encontro do Parque de estacionamento do LIDL da Guimarota - participantes de Leiria
10.15 - Ida à Mina - observação e actividades
13.00 - Almoço
3. Material a trazer
- Roupa e botas de campo
- Material de campo de geólogo (opcional)
- Materiais de apoio à actividade (livros sobre a Mina da Guimarota, etc.)
As inscrições encerram dia 09.10.2007 às 23.59 horas.
NOTA: Actividade adiada - ver post de 10.10.2007.
segunda-feira, outubro 08, 2007
Ida à Mina da Guimarota
Post a actualizar brevemente...
sábado, outubro 06, 2007
As aventuras de um paleontólogo membro do Blog GeoLeiria
Diário do deserto entre areia e esqueletos de dinossauros
Octávio Mateus partiu a 20 de Agosto numa expedição. Durante 34 dias, no deserto de Gobi, o paleontólogo teve o seu quinhão de felicidade e escreveu um diário do qual agora publicamos excertos.
Octávio Mateus partiu a 20 de Agosto numa expedição. Durante 34 dias, no deserto de Gobi, o paleontólogo teve o seu quinhão de felicidade e escreveu um diário do qual agora publicamos excertos.
FASE I DA EXPEDIÇÃO:
Em Shine Us Khuduk, Deserto de Gobi (Sudeste da Mongólia).
Era o 3.º dia de escavação, a 23 de Agosto de 2007, e os grãos de areia bombardeavam-nos a 90 km/h como microprojécteis, acertando na pele exposta como se de pequenas agulhas se tratasse. Enfrentávamos uma forte tempestade de areia que tornava mais difícil a concretização do nosso principal objectivo: escavar dinossauros encontrados pela nossa expedição paleontológica.
Apesar da tempestade de areia, que durou todo o dia, a escavação dos dinossauros continuou, uma vez que tínhamos de aproveitar todos os momentos de uma expedição científica de apenas 34 dias na Mongólia. (...)
A nossa expedição chama-se “Korea--Mongolia International Dinosaur Project” (...) e tinha dois principais objectivos: conhecer mais dados sobre o período Cretácico (144 a 65 milhões de anos) e descobrir novos esqueletos de dinossauros. Fomos bem sucedidos!
Cada dia era uma aventura surpreendente, sempre com novas descobertas ou peripécias imprevistas. À noite, reunidos na tenda maior, de tipo militar, mostrávamos e catalogávamos as descobertas do dia, identificávamos os ossos mais intrigantes ou discutíamos questões científicas que se iam levantando e que nos assolavam.
Pessoalmente, eu tinha dois grandes objectivos: aprender mais sobre os dinossauros da Mongólia e descobrir novos esqueletos, nomeadamente de dinossauros saurópodes e de terizinossauros. Os primeiros são os clássicos gigantes de pescoço comprido, que podiam atingir 30 toneladas de peso e aos quais tenho dedicado parte da minha carreira. Os saurópodes são pouco conhecidos na Mongólia, logo, qualquer nova descoberta tinha o potencial de vir a ser importante. Quanto aos outros, os terizinossauros, tenho uma curiosidade natural sobre eles, pois são um dos tipos de dinossauros mais estranhos que jamais existiram. Embora dentro do grupo dos dinossauros carnívoros bípedes (os terópodes), tal como o Tyrannosaurus rex ou o Allosaurus, estes raros terizinossauros são invulgarmente enigmáticos e bizarros.
Numa abordagem completamente não científica, alguém poderia descrevê-los como um cruzamento entre um T. Rex, um urso e um peru com enormes garras nas patas dianteiras. Quando o primeiro terizinossauro foi descoberto os ossos eram tão estranhos que os paleontólogos julgaram tratar-se de uma tartaruga gigante. (...)
A verdade é que sabemos muito pouco sobre estes estranhos animais. Conhece-se a morfologia de alguns ossos, a idade geológica em que viveram, mas desconhece-se o habitat, alimentação, comportamento, reprodução e muito mais. Por isso, qualquer novo achado poderá, potencialmente, trazer alguma luz sobre os terizinossauros.
Quando o paleontólogo coreano, e principal organizador da expedição, Yuong-Nam Lee trouxe um fémur (um osso da coxa), descoberto naquele dia, ninguém conseguiu compreender de que dinossauro se tratava. A morfologia era diferente de tudo aquilo a que estávamos habituados, o que me levou a pensar que poderia ser de um tão desejado terizinossauro. Assim era. E parece ter pormenores inteiramente novos, pelo que pode ser de uma nova espécie desconhecida até à data ou de uma espécie já descrita cujo fémur não conhecíamos. Esta abordagem verificou-se eficaz: cada vez que encontrávamos um osso de dinossauro terópode diferente daquilo a que estávamos habituados, verificávamos tratar-se, em alguns dos casos, de terizinossauros. Eu descobri partes do crânio, vértebras e ossos dos membros. O sedimentólogo canadiano David Eberth descobriu uma jazida com parte de um esqueleto. Recolhemos alguns dos ossos, incluindo partes da enorme garra, mas outros ficaram no terreno porque não tivemos tempo para escavar tudo. Voltaremos para o ano. Entretanto, temos achados suficientes para contribuirmos para o conhecimento destes animais e para fazermos bons estudos científicos. Eu estava contente: novos ossos e partes de esqueletos de terizinossauros, saurópodes e de muitos outros dinossauros. A Mongólia é um ‘El Dorado’ da Paleontologia.
FASE II DA EXPEDIÇÃO:
De Shine Us Khuduk até Khermeen Tsav (Oeste de Gobi)
Ao mudarmos de local de acampamento, do Leste de Gobi para o Oeste, aventurámo-nos novamente pelo deserto, onde peripécias e imprevistos podem ocorrer a qualquer momento. A nossa caravana, de seis viaturas, fez uma travessia lenta, de seis dias, pois sofriam constantes avarias e tinham frequentemente pneus furados. Dois lentos e antigos camiões soviéticos traziam todo o equipamento e víveres necessários às duras condições no deserto(...). As raras estradas existentes no deserto são, na verdade, caminhos e trilhos de terra, mas o seu uso contínuo dá-lhes o epíteto de “estrada nacional”, com direito a numeração e a figurar na maioria dos mapas da Mongólia, até mesmo na escada de 1:2.000.000. (...)
Khermeen Tsav, o segundo local de acampamento e escavações, é o local mais remoto onde eu já alguma vez estive. (...) Magníficos canyons de cor avermelhada estendem-se a perder de vista e todos aqueles afloramentos de rocha são um convite à descoberta de dinossauros. A 54 quilómetros de distância encontrava-se o primeiro ser humano, que habitava numa ‘ger’, uma tenda circular tradicional, e a primeira povoação era uma pequena cidade que estava a cerca de 150 km. A comunicação com o mundo exterior fazia-se através de emissores-satélite. (...)”
PORTUGUÊS DA SEMANA
Octávio Mateus, paleontólogo, doutorado pela Universidade Nova de Lisboa, filho dos co-fundadores do Museu da Lourinhã, foi o Português da Semana na Domingo, na edição de 19 de Agosto, em vésperas de partir para esta expedição
ROY CHAPMAN ANDREWS
Entre 1922 e 1930, Roy Chapman Andrews – inspirador da personagem de Indiana Jones – levou a cabo missões de investigação no deserto de Gobi, na Mongólia. Em 2007, durante 34 dias, o português Octávio Mateus integrou uma missão internacional – pelo contingente norte-americano, de 15 pessoas – em que participaram ainda japoneses, sul-coreanos e mongóis
OSSOS DE MATEUS
“Eu descobri uma bone-bed, termo usado pelos paleontólogos para designar uma camada repleta de ossos com pelo menos 8 indivíduos de anquilossauros, um dinossauro herbívoro couraçado, e de onde recolhemos três crânios completos. A grande quantidade de ossos fez-nos deixar muitos deles no terreno. (...): identificámos dezenas de pegadas e recolhemos ovos, cascas de ovo e vários ninhos, entre os quais um ninho de dinossauro carnívoro Oviraptor, com ossos de embrião (...). Encontrámos e recolhemos, ainda, ossos de Tarbosaurus (o “primo asiático” do Tyrannosaurus rex), anquilossauros, protoceratops, ornitomimossauros (incluindo um bebé), e muitos outros achados (...).”
in Correio da Manhã - ver notícia
quinta-feira, outubro 04, 2007
Espeleo-Mergulho nos Olhos de Água do Alviela
Pretendeu-se melhorar a topografia existente (mapa da gruta) e continuar a exploração nas galerias mais profundas. A par deste objectivos pretendia-se ultrapassar a profundidade de -125 metros atingida na ultima grande exploração (a profundidade de uma gruta é medida tendo como ponto de cota zero a entrada da mesma).
Contou-se com a presença dos mergulhadores estrangeiros, convidados pela SPE, Jérome Meynié e Francis Lavaud de França e de Martin Burgi de Espanha.
Durante os mergulhos foram efectuadas recolhas para identificação biospeleológica destinadas ao trabalho de mestrado de Sofia Reboleira (Universidade de Aveiro) e colheitas de água para análise no âmbito do projecto WATERMIND (POCI/CTE-GEX/59086/2004 - Universidade de Lisboa).
Mais informação desta campanha podem ser consultadas na página de internet da SPE na internet: www.spe.pt.
Fonte espeleo_pt
Cabo Mondego é Monumento Natural...!
Finalmente. Uma vitória de peso para a Figueira da Foz. O Governo reconheceu - e publicou em Diário da República - a classificação de Monumento Natural ao Cabo Mondego entregando a sua gestão o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade. A este instituto público caberá, agora, a responsabilidade de acompanhar e fiscalizar a proibição ou condicionamento de um conjunto de actividades definidas pelo decreto que hoje entra em vigor. Uma tarefa para a qual irá contar com autarquias e entidades ligadas ao ambiente.
É de referir que para esta decisão do Governo, foram ponderados os resultados do inquérito público, que decorreu de 8 de Setembro a 20 de Outubro de 2006, e ouvida a Câmara Municipal da Figueira da Foz.
A classificação, que reconhece o valor daquele espaço, pretende, também, garantir a sua conservação, a manutenção da sua integridade, a investigação científica sobre os fenómenos geohistóricos e a sua divulgação numa perspectiva de educação ambiental.
De acordo com o documento publicado em Diário da República, a classificação e a delimitação da área do Monumento Natural, "não prejudicam a validade nem a vigência das licenças existentes à data da sua entrada em vigor ou que se venham a renovar depois desta data e que abranjam os seus limites, sem prejuízo dos titulares das mesmas se encontrarem vinculados ao regime definido no decreto regulamentar".
Contemplando que "será excluída a criação de qualquer zona de defesa do Monumento Natural em relação à área de escavação circundante à sua delimitação", o mesmo documento garante que dentro dos seus limites "é interdita a exploração dos recursos geológicos e outros; a abertura de novas vias de acesso; a alteração da morfologia do terreno e do coberto vegetal, nomeadamente através de escavações, aterros e depósitos de resíduos sólidos de qualquer tipo; a alteração do contorno da linha de costa e dos afloramentos submersos; o lançamento de efluentes, industriais ou domésticos, não devidamente tratados; a introdução de espécies alóctones; a instalação de infra-estruturas de electricidade e telefónicas, de telecomunicações, de transporte de gás natural ou de outros combustíveis, de abastecimento de água, de saneamento básico e de aproveitamento de energias renováveis; a captação e o desvio de águas que concorra para um abaixamento do seu nível normal; a deposição de materiais, entulhos ou resíduos e o vazamento de lixos; a prática de actividades desportivas motorizadas; a prática de campismo e caravanismo.
É de sublinhar que as actividades referidas "podem ser excepcionalmente realizadas desde que as intervenções se destinem a investigação científica e a recuperação ambiental e sejam efectuados pelo ICNB, ou por entidades por ele reconhecidas e autorizadas".
Condicionada está também a demolição, reconstrução, ampliação e remodelação de edifícios ou outras construções existentes; a edificação de novas construções ou de estruturas de quaisquer tipos; o alargamento ou qualquer outra alteração das vias de acesso existentes; a colheita de amostras, incluindo fósseis; o corte e a colheita de exemplares de espécies vegetais espontâneas.
in As Beiras - ler notícia (fonte espeleo_pt)
Canal História - Cidades debaixo de terra
Quinta-feira 4 de Outubro - 16.00 horas
Sexta-feira 5 de Outubro - 00.00 e 08.00 horas
in Canal História - ler texto (Fonte espeleo_pt)
Sputnik - 50 anos...!
Sputnik, o satélite politicamente incorrecto
Faz amanhã (HOJE) 50 anos que «arrancou» a conquista do espaço
Por Nuno Crato *
Tinha eu cinco anos quando ouvi um nome novo e curioso: «Sputnik». Não me lembro desse momento, porque de pouco ou nada me lembro dessa altura, mas sei que anos depois a palavra mágica continuava a ser ouvida. E as conversas eram estranhas. O meu pai explicara-me que se tratava de um satélite artificial da Terra. O primeiro. E que tinha sido lançado pela União Soviética, uma país distante e misterioso que se identificava com «a Rússia», aquele lugar de que se falava a propósito de uma estação de rádio que era proibido escutar, dos pastorinhos de Fátima e de muitas outras coisas. Sabia-se, por exemplo, que Salazar não gostava da Rússia e, por isso, ao falar do Sputnik falava-se mais baixo e olhava-se à volta. Para mim, que era muito miúdo, era tudo um jogo misterioso.
Falava-se também de um professor universitário português que tinha dito que o Sputnik não existia, que era uma arma de propaganda comunista, pois era cientificamente impossível haver um satélite artificial da Terra. De repente, deixou de se falar desse professor universitário, pois os Estados Unidos tinham também colocado um satélite no espaço.
Anos mais tarde, muitos anos mais tarde, tentei reconstituir o que se passara. Ao que parece, o professor universitário não era um, mas sim dois: um em Lisboa e outro no Porto. Este último foi durante muitos anos alvo de chacota por parte dos seus alunos. O primeiro penso que também. Nunca consegui, no entanto, esclarecer completamente o que se passara. As lendas abundam, mas nomes concretos, declarações, registos, documentos, tudo isso falta.
E gostaria de esclarecer o que se passara pois creio que o episódio foi revelador e sintomático. Face aos progressos científicos de outros países respondia-se com desdém. E o desdém não era só dirigido «à Rússia». Era dirigido também aos Estados Unidos da América, país pelo qual Salazar nunca morreu de amores. Só alguns anos mais tarde percebi por que os progressos científicos dos norte-americanos eram também desdenhados.
Foi preciso passarem 12 anos. Lembro-me de ter visto na televisão imagens confusas de algo muito mais arrojado do que um satélite. Estava na praia do Baleal e a televisão existia no nosso país há poucos anos. Pouca gente a tinha. O aparelho onde vi as imagens estava num café cheio de gente. Tão cheio que era difícil aproximar-mo-nos do écran. Lembro-me que os meus pais estavam em Lisboa nesse dia. Como não tinham televisão, foram à Baixa, onde havia aparelhos a funcionar nas vitrines das lojas. Foi daí que viram as mesmas imagens que eu estava a ver. Imagens trémulas, pois tinham viajado 384 milhares de quilómetros. Era 20 de Julho de 1969. As imagens mostravam Neil Armstrong a pisar o solo da Lua.
Lembro-me de amigos dos meus pais acharem toda essa curiosidade e todo esse entusiasmo despropositados. Afinal, quem tinha aparecido na televisão eram americanos. Só teriam ido à Lua por dinheiro e despeito. Os russos tinham estado sempre à frente na corrida ao espaço, diziam, e os norte-americanos apenas tinham conseguido sucessos na fase final...
Nunca percebi muito bem como era possível que pessoas inteligentes pudessem rejeitar avanços científicos e tecnológicos. Como era possível haver professores universitários que escondessem a cabeça na areia dizendo que o Sputnik não existia?! E como era possível não se estar emocionado com a chegada do homem à Lua?! É de facto estranho, mas revela uma atitude que persiste. Ainda há poucos anos se ouviram intelectuais portugueses a protestar com a exploração de Marte.
Vou prosseguir a minha história. Passados outros tantos anos, fui estudar para os Estados Unidos, país que na altura não me fascinava especialmente, mas de onde regressei, quase 15 anos depois, completamente seduzido. Aí percebi o que se tinha passado depois do Sputnik. Ao contrário de esquecer a sua existência, os norte-americanos reagiram sacudindo a fundo a sociedade.
Em todo o lado se pensara em mudança. Começando no ensino. Reviram-se os programas, criaram-se escolas de elite, estreitaram-se as relações entre o ensino superior e o pré-universitário, estimularam-se programas de investigação. Preparou-se uma nova geração para a ciência. O Sputnik de 1957 criou ondas de choque que se propagaram até ao sucesso do programa Apolo de 1969.
No meio disto há um pequeno facto histórico pouco notado. O Sputnik russo foi lançado em Outubro de 1957. O primeiro satélite norte-americano foi colocado no espaço em Janeiro de 1958. Três meses mais tarde. Apenas três meses. Isso explica por que razão os críticos portugueses do Sputnik se calaram. E leva a pensar nas origens da «onda de choque» que se propagou pelos Estados Unidos. O «efeito Sputnik» foi consciente. Havia a vontade de mudar, e o satélite russo não foi mais que o pretexto.
Apesar de mudanças brutais e de progressos imensos desde o Portugal salazarista de 1957, vivemos hoje uma situação que tem alguns paralelos com a dessa época. Continuam a existir responsáveis políticos que pouco se preocupam com o nosso atraso científico. E continuam a existir académicos que o negam ou subestimam.
É certo que existem hoje muitos jovens cientistas que se destacam no panorama internacional e que orgulham o país. É certo que começam a aparecer nomes portugueses citados na imprensa internacional. É certo que se podem hoje ler nomes de universidades e institutos de investigação nacionais em artigos na Science, na Nature ou noutras revistas internacionais onde a nossa presença era, ainda há pouco, praticamente inexistente. O facto orgulha-nos, mas, tal como o Sputnik, pode levar-nos a duas atitudes opostas. E a realidade é que a ciência portuguesa continua numa situação de atraso relativo entristecedora. Tudo o que dissemos sobre os nossos progressos podem muitos países semelhantes ao nosso, em dimensão, desenvolvimento, cultura e produto económico, dizê-lo com cem vezes mais propriedade. Há ainda muito a fazer. Muitíssimo. Aprendemos alguma coisa com o Sputnik?
*Professor de Matemática e Estatística no Instituto Superior de Economia e Gestão, Lisboa, actual Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática.
Este texto foi extraído e ligeiramente adaptado (pelo próprio autor) de «Ciência em Portugal: os próximos 30 anos» publicado na colectânea 25 de Abril: Os Desafios para Portugal nos Próximos 30 Anos, Presidência do Conselho de Ministros, Comissão das Comemoração dos 30 Anos do 25 de Abril, Lisboa 2004
in Ciência Hoje - ver notícia
quarta-feira, outubro 03, 2007
Concurso - Comemorações de um Ano Muito Espacial!
A actividade principal consiste num concurso com três categorias:
- Para Crianças dos 6 aos 12 anos
- Para Astrónomos Amadores
- Para Artistas
http://www.europlanet-eu.org
Em Portugal o ponto de contacto para esta iniciativa é o Doutor António Pedrosa, do Centro Multimeios de Espinho, instituição ligada à Astronomia e cujo site é: http://www.multimeios.pt.
Mais informações consultar:
Regras gerais para o concurso do Europlanet 2007
segunda-feira, outubro 01, 2007
Astronomy Now - Edição de Outubro de 2007
Cara(o)s amiga(o)s:
É com muito prazer e alguma "vaidade" que aqui deixo este registo e uma cópia da foto, já publicada neste blog.
João Cruz, Leiria
A Europa precisa de mais Cientistas
"Caro(a) professor(a),
O PAVILHÃO DO CONHECIMENTO - Ciência Viva vai realizar no dia 29 de Outubro um encontro em Espaço Aberto, com o objectivo de responder à questão “Que acções se podem concretizar para atrair jovens - particularmente raparigas – para estudos e carreiras cientificas e tecnológicas?”
Se este é um assunto que lhe interessa, teremos todo o gosto em recebê-lo neste encontro, juntamente com mais três ou quatro alunos que possam contribuir activamente para a discussão.
Informamos que existe possibilidade de financiamento das deslocações para participantes que residam fora da zona de Lisboa.
Aguardamos o seu contacto, esperando poder contar com a sua presença.
Com os melhores cumprimentos,
Luís Barbeiro
Departamento de Educação e Comunicação"
Cinema a 230 metros de profundidade - II
20-09-2007 14:00:00
Organizado pela Casa de Cultura de Loulé e pelo Cineclube de Faro, em colaboração com o grupo CUF, que gere a mina, o ciclo terá filmes a condizer com o seu título, mas também com o ambiente em que serão exibidos.
No primeiro dia, será exibido o filme "Cabine Telefónica", de Joel Schumacher (2003), a que se seguirá "Sala de Pânico", de Fincher (2002), a 06 de Outubro, "Underground", de Kusturika (1995), a 13 de Outubro e "Noite dos Mortos-Vivos", George Romero (1968), a 20 do mesmo mês.
As sessões, que terão lugar sempre às 15:00, terão um máximo de 40 espectadores por sessão, que descerão à mina em grupos de seis a oito pessoas.
De acordo com Paulo Caetano, director de comunicação do grupo CUF, Paulo Caetano, estão garantidas todas as condições de segurança aos espectadores, que terão de usar capacete antes e durante a exibição, "por se tratar de uma zona industrial".
"Dado o local em que as exibições ocorrerão e a própria temática do ciclo, pedimos às pessoas mais susceptíveis ou que sofram de problemas cardíacos ou de claustrofobia que se abstenham de assistir", disse aquele responsável à Agência Lusa.
Situada às portas da cidade, a mina de sal de Loulé, concessionada ao grupo CUF, tem 30 quilómetros de galerias e produz sal industrial destinado a rações e ao degelo das estradas.
"Trata-se do maior espaço visitável em Portugal com condições de segurança", garantiu o director de comunicação do grupo CUF, sublinhando que, além da utilização industrial, o grupo está empenhado em dinamizar o espaço do ponto de vista turístico.
Acentuou que iniciativas como esta configuram "balões de ensaio" para "voos mais altos", não sendo de excluir a hipótese de, no futuro, ali criar um parque temático.
Além do ciclo de cinema, a levar a efeito numa sala onde serão instaladas cadeiras e holofotes, está prevista também uma batida fotográfica no interior das galerias, que ocorrerá a 03 de Novembro.
in Observatório do Algarve - ver notícia